Holanda despacha o Uruguai e, 32 anos depois, volta à final da Copa
Celeste tenta o empate até o último minuto, mas Laranja segura a pressão, vence por 3 a 2 e avança para a decisão, contra Espanha ou Alemanha
Por Adilson Barros e Thiago DiasDireto da Cidade do Cabo, África do Sul
A Holanda está de volta a uma final de Copa do Mundo após 32 anos. A geração de Robben, Van Persie e Sneijder se iguala ao time de Krol, Neeskens e Rep e coloca a Laranja na decisão do Mundial da África do Sul. A vaga veio com uma vitória sobre o Uruguai, por 3 a 2, nesta terça-feira, no estádio Green Point, na Cidade do Cabo. A última vez da Holanda numa decisão de Mundial foi na Argentina, em 1978. Naquele ano, sem Cruyff, a equipe foi vice-campeã pela segunda vez consecutiva. Agora, tenta o título inédito para provar que o futebol bonito também pode ser eficiente.
A outra vaga na final será disputada por Espanha e Alemanha nesta quarta-feira, às 15h30m, em Durban. O vencedor briga com a Holanda pela taça no domingo, no mesmo horário, no Soccer City, em Joanesburgo. O perdedor decide o terceiro lugar com o Uruguai no sábado, em Porto Elizabeth.
Robben faz o gol e parte para o abraço: a Holanda está na final da Copa do Mundo (Foto: AFP)
A Laranja abriu o placar nesta terça com uma bomba de Van Bronckhorst de fora da área, e o Uruguai empatou na mesma moeda com Forlán, ainda no primeiro tempo. No segundo, Sneijder e Robben marcaram, e Maxi Pereira diminuiu já nos acréscimos. No site da Fifa, os internautas escolheram Sneijder como o melhor do jogo. O gol dele foi cercado de polêmica: os uruguaios reclamam de impedimento de Van Persie, que não chegou a tocar na bola, mas participou do lance em posição ilegal.
O jogo
A Holanda é um time mais técnico que o Uruguai. Provou isso durante todo o primeiro tempo: tocando a bola de pé em pé, buscando um espaço, uma brecha que fosse, para tentar penetrar no paredão celeste. A equipe sul-americana, aguerrida, conseguia brecar as investidas dos homens de laranja e tentava encaixar um contra-ataque. Faltava, porém, acerto no passe. Forlán e Cavani só viam a bola passando por cima. Em vão, tentavam lutar contra os grandalhões holandeses.
Com isso, o jogo ficou restrito à intermediária. A bola ficava por ali, mais sob o domínio da Holanda que do Uruguai. A tentativa de Kuyt, logo aos três minutos, que recebeu cruzamento de Sneijder e mandou por cima do gol, parecia que seria a única a se aproximar do gol uruguaio. Foi então que os jogadores perceberam que a solução era arriscar o chute de fora da área. A Jabulani não é traiçoeira? Então, bombas para o gol.
Muslera se estica, mas não consegue pegar o chute de Van Bronckhorst (Foto: Getty Images)
O primeiro a acertar o tiro foi Van Bronckhorst, aos 18 minutos. A Holanda veio com seu toque paciente. A bola saiu de Robben, na direita, e chegou a Kuyt, que percebeu o lateral-esquerdo vindo. A bola foi rolada e o capitão holandês, que estava a 36 metros do gol, mandou uma bomba certeira. A bola, que viajou a 109km/h, não pegou efeito: saiu quase em linha reta na direção do ângulo esquerdo de Muslera, que até chegou a encostar nela, mas não o suficiente para desviá-la. Um golaço.
O gol, porém, não mudou o panorama do jogo. A Holanda seguia tentando controlar o jogo trocando passes e o Uruguai buscava acertar pelo menos três trocas de bola para se aproximar da área. Estava difícil. Aos 27 minutos, um susto. Após cobrança de escanteio de Forlán, Cáceres tentou mandar a bola de bicicleta para o gol, mas acabou acertou o chute no rosto do volante De Zeeuw. O jogador holandês chegou a ficar desacordado. O lance causou um início de confusão, com Sneijder tentando tomar as dores do companheiro. O carrasco brasileiro (marcou os dois gols holandeses que despacharam o Brasil nas quartas de final) acabou levando o amarelo.
Forlan chuta para empatar no primeiro tempo: esperança uruguaia antes do intervalo (Foto: Getty Images)
Como estava difícil chegar tocando, o Uruguai resolveu tentar a mesma solução encontrada pelo adversário: os chutes de fora. O primeiro só veio aos 36, com Álvaro Pereira, que não chegou a assustar o goleiro Stekelenburg. Mas o segundo, aos 41, foi inapelável. Forlán recebeu pela direita, cortou para o pé esquerdo e chutou. A bola fez uma curva da esquerda para a direita e atrapalhou o goleiro, que até deu um tapa na bola, mas sem conseguir mandá-la para fora. Estava empatada a partida.
Laranja decide no segundo tempo
A Holanda voltou para o segundo tempo com uma formação diferente. O técnico Bert Van Marwijk tirou o volante De Zeeuw, que levou um chute no rosto no primeiro tempo, e colocou em campo mais um meia: Van Der Vaart. Restou apenas Van Bommel na proteção à zaga, mas isso não fez muita diferença, já que o Uruguai seguia recuado.
Sneijder (10) festeja o seu gol (Foto: AFP)
Com mais um armador em campo, Sneijder ficou ainda mais solto e começou a aparecer. O toque de bola holandês tornou-se envolvente e encurralou os uruguaios. Os gols não tardaram a sair, já que a pressão era intensa. Aos 25, Sneijder dominou pela esquerda, cortou para o meio e chutou de direita. A bola desviou em Maxi Pereira e entrou. Os uruguaios reclamaram de impedimento de Van Persie, que não chegou a encostar na bola, mas o árbitro validou o gol.
O golpe foi duro e deixou a Celeste grogue. Aos 28, veio mais um. Kuyt recebeu pela esquerda e acertou ótimo cruzamento para Robben, que subiu livre e escorou. A bola foi no cantinho direito de Muslera e ainda beijou o pé da trave antes de entrar.
O Uruguai, contudo, não se entregou. A pressão da Celeste rendeu frutos aos 47, quando Maxi Pereira reduziu a vantagem e incendiou o fim do jogo. O árbitro, que tinha prometido dar três minutos de acréscimos, esticou a partida, e a equipe sul-americana manteve o abafa até o apito final. Não deu. Tristeza em azul, euforia em laranja na Cidade do Cabo.
Lugano, que não jogou a partida decisiva, reclama da arbitragem após o apito final (Foto: Agência Reuters)
Estádio: Green Point (na Cidade do Cabo). Data: 6/7/2010. Horário: 15h30m. Árbitro: Ravshan Irmatov (Uzbequistão). Assistentes: Rafael Ilyasov (Uzbequistão) e Bakhadyr Kochkarov (Cazaquistão). Público: 62.47
21/06/2010 12h27 - Atualizado em 21/06/2010 12h27
Tiago prevê um jogo divertido entre brasileiros e portugueses na sexta
Meia lusitano diz que sua equipe está praticamente classificada (depende de apenas um ponto) e, por isso, jogará sem pressão contra o Brasil
Por Adilson BarrosDireto da Cidade do Cabo, África do Sul
Tiago comemora um de seus gols contra a Coreia do Norte (Foto: Reuters)
Um jogo sem pressão e, portanto, divertido. Essa é a previsão feita pelo meia Tiago, de Portugal, sobre a partida contra o Brasil, na próxima sexta-feira, pela última rodada da fase de grupos do Mundial da África do Sul. O jogo será disputado em Durban e só deverá servir para decidir o primeiro lugar. A Brasil já está classificado e, com um empate, garante a liderança. Portugal precisa de um ponto para se classificar. Se vencer, fica em primeiro.
Portugal pode avançar mesmo se perder para o Brasil. Isso porque Costa do Marfim só alcança o segundo lugar do Grupo G se vencer a Coreia do Norte e ainda descontar o saldo de gols. Os marfinenses têm um ponto e podem chegar a quatro, mesmo número de pontos dos portugueses no momento. Só que a seleção ibérica tem sete gols a favor, enquanto os africanos têm saldo negativo: menos dois.
- Estamos praticamente classificados. Portanto, creio num jogo aberto, agradável. Neste momento, Brasil e Portugal têm muito pouco a perder. Dos dois lados, há jogadores que gostam de se divertir jogando futebol e, por isso, acredito que os torcedores assistirão a uma grande partida - disse o jogador, que assumiu a posição de Deco, machucado.
Autor de dois dos sete gols portugueses sobre a Coreia do Norte, na maior goleada da história do futebol lusitano em Copas do Mundo, nesta segunda-feira, na Cidade do Cabo, Tiago afirma que está orgulhoso por fazer parte dessa história.
- Fizemos uma grande partida, principalmente no segundo tempo, quando colocamos a bola no chão e passamos a jogar mais soltos. Com certeza, o povo português está muito orgulhoso desse resultado, assim como nós também estamos.
21/06/2010 17h20 - Atualizado em 21/06/2010 18h22
Espanha mostra credencial de favorita e vence Honduras por 2 a 0
Villa marca dois gols, um deles uma pintura, e ainda perde pênalti em boa apresentação da Fúria, que reage após derrota na estreia na Copa
Por Thiago DiasDireto de Joanesburgo, África do Sul
Sabe aquela Espanha que encantou o planeta na Eurocopa de 2008, liderou o ranking da Fifa por muito tempo e foi apontada como candidata para vencer a Copa do Mundo? Pois é, ela finalmente apareceu na África do Sul nesta segunda-feira. Após a decepcionante derrota para a Suíça na estreia, a Fúria apresentou bom futebol, venceu Honduras por 2 a 0 no Ellis Park - com direito a pênalti perdido por David Villa, autor dos dois gols - e agora só depende de si para ficar com o primeiro lugar do Grupo H, evitando um provável confronto com o Brasil nas oitavas de final.
Ofensiva, com trocas de passes envolventes e objetiva, a seleção de Vicente del Bosque não desperdiçou as oportunidades que teve para matar o jogo. Só não conseguiu transformar em goleada sua superioridade, falhando em algumas conclusões. Sem Iniesta, sentindo dores na coxa direita, o treinador apostou em Fernando Torres e Navas (no lugar de David Silva) no ataque junto com David Villa, que fez um golaço e foi eleito pela Fifa o melhor em campo.
O resultado deixou a Fúria em segundo lugar da chave, com três pontos (tem saldo de um gol, contra zero dos suíços). O Chile lidera com seis, enquanto Honduras tem zero. Na próxima sexta-feira (às 15h30m de Brasília), a Espanha pega o Chile em Pretória. Para ficar com o primeiro lugar, tem que vencer os chilenos pela mesma diferença de gols que a Suíça fizer em Honduras. Caso os suíços tropecem, um 1 a 0 serve para Villa e cia. Apesar das duas derrotas seguidas, os hondurenhos ainda têm chance de classificação: precisam vencer a Suíça por três gols de diferença e torcer por uma derrota dos espanhóis.
Trio ofensivo leva Espanha à frente
Com três atacantes - Navas aberto pela direita, Villa pela esquerda e Fernando Torres no meio -, a Fúria dominou o primeiro tempo, teve um pênalti não marcado, acertou uma bola no travessão, fez um golaço e impediu que Honduras acertasse uma bola sequer na direção do gol de Casillas.
Alvo de críticas, namorada de Casillas, Sara Carbonero, trabalha de novo atrás do gol (Foto: Getty Images)
Logo aos três minutos, Fernando Torres tentou dar um chapéu em Izaguirre, que cortou com a mão dentro da área, mas o árbitro japonês Yuichi Nishimura não deu o pênalti. Um minuto depois, a Fúria apresentou a jogada que mais daria certo na partida: lançamento na esquerda para Villa, dessa vez executado por Xabi Alonso. O camisa 7 cruzou, e Fernando Torres furou.
O gol começou a amadurecer e quase pintou aos sei minutos. Xabi Alonso deu belo passe para Villa, que dominou e arriscou de fora da área, acertando o travessão. Em dez minutos, pressão total da Espanha, que ainda perdeu um gol de cabeça com Sergio Ramos, por cima. Aos 13, Xabi Alonso virou novamente o jogo bem para Villa na esquerda. O novo jogador do Barcelona driblou Mendoza, puxou para dentro e bateu cruzado, mas pegou mal, e a bola saiu.
Honduras ainda chegou a ameaçar uma reação, aproximando-se de Casillas por três vezes, mas o dia era de David Villa. O time de Vicente del Bosque viu que a jogada pela esquerda dava certo e apostou mais uma vez: aos 16 minutos, o camisa 7 recebeu lançamento longo, dominou, deu um drible desconcertante em Mendoza e Amado Guevara ao mesmo tempo, entrou na área, passou por Chavez e bateu sem defesa para Valladares. Golaço. O primeiro da Fúria na Copa: 1 a 0.
Villa comemora com Torres seu segundo gol na partida contra Honduras (Foto: AP)
Com futebol solto e sempre para frente, a Espanha não dava chances para Honduras. Bolas longas para David Suazo eram facilmente dominadas pela zaga. No meio-campo, Busquets e Xabi Alonso controlavam a partida e distribuíam os passes, com Xavi sendo perigo sempre nas cobranças de faltas e jogadas rápidas com os atacantes. Substituto de David Silva, Navas foi também uma boa opção pela direita, fazendo tabelas com Sergio Ramos.
De volta ao time, Fernando Torres era a referência no ataque. Mas demonstrou ainda estar sem ritmo de jogo e perdeu duas boas chances aos 32, uma de cabeça (após quicar, a bola foi por cima) e com chute para fora, dentro da área. O camisa 9 ainda reclamou de pênalti aos 43, quando caiu após dividida com Mendoza.
Fúria não dá chance para a zebra
Logo no primeiro contra-ataque da segunda etapa, a Espanha matou a partida. Xavi arrancou pelo meio aos cinco minutos e deu a bola na direita para Navas, que achou Villa sozinho na entrada da área. Ele dominou e contou com desvio em Figueroa no chute, encobrindo o goleiro Valladares: 2 a 0.
O terceiro quase saiu logo um minuto depois. Sergio Ramos deu uma de atacante, invadiu a zaga pelo meio e chutou, mas a bola saiu raspando a trave direita. A melhor chance para ampliar, porém, veio aos 15: Navas foi derrubado na área por Izaguirre. Pênalti marcado. Villa se preparou para fazer seu terceiro gol no jogo, mas bateu para fora, à esquerda da meta. E desperdiçou, assim, a chance de empatar com o argentino Higuaín na artilharia do Mundial.
Logo em seguida, Del Bosque tirou Xavi para a entrada de Fábregas, o que fez o volume das vuvuzelas chegar ao máximo no Ellis Park. O craque do Arsenal tentou retribuir o carinho da torcida logo em seu primeiro lance: recebeu lançamento, entrou na área, driblou o goleiro e tocou, mas Figueroa salvou quase em cima da linha.
O treinador espanhol ainda fez duas substituições, trocando Fernando Torres - que teve atuação apagada - e Sergio Ramos por Mata e Arbeloa. Sem o mesmo ímpeto ofensivo, a Fúria tocou bola confortavelmente no meio-campo nos últimos 15 minutos e ainda teve outra boa chance de marcar. Villa recebeu passe de Navas, mas foi travado na hora do chute, com um carrinho de Mendoza.
Ficha técnica:
Espanha 2 x 0 honduras
Casillas, Sergio Ramos (Arbeloa), Puyol, Piqué e Capdevila; Busquets, Xabi Alonso, Jesús Navas e Xavi (Fabregas); Torres (Mata) e Villa.
Valladares, Mendoza, Chávez, Figueroa e Izaguirre; Palacios, Guevarra, Turcios (Nuñez), Martinez e Espinoza (Welcome); Suazo (Jerry Palacios).
Técnico: Vicente del Bosque.
Técnico: Reinaldo Rueda.
Gols: Villa, aos 16 minutos do primeiro tempo e aos cinco minutos do segundo tempo
Cartões amarelos: Turcios, Izaguirre (Honduras)
Estádio: Ellis Park (Joanesburgo). Data: 21/06/2010. Árbitro: Yuichi Nishimura (JAP). Assistentes: Toru Sagara e Jeong Hae Sang (COR). Público: 54.386
14/06/2010 - 15h50
Drogba treina normalmente e escalação contra Portugal só depende dele mesmo
Das agências internacionais
Em Port Elizabeth (África do Sul)
Drogba esteve em reconhecimento do gramado em Port Elizabeth
Didier Drogba treinou normalmente com seus companheiros nesta segunda-feira, sob a fria chuva de Port Elizabeth, indicando que o astro da Costa do Marfim está vencendo sua corrida contra o tempo para se recuperar de uma fratura no braço e poder jogar a partida de estreia de sua equipe contra Portugal nesta terça-feira.
O sueco Sven-Goran Eriksson, treinador da seleção marfinense, está otimista quanto à presença de Drogba na equipe. No entanto, não confirma nada, dizendo que a decisão de entrar em campo ou não irá caber tão somente ao atacante do Chelsea.
“Didier realizou um treinamento excelente ontem (domingo) e tentará novamente treinar com toda a equipe esta noite. Espero que ele estará bem, que ele estará em campo, mas honestamente eu não tenho certeza. O único a dizer ‘sim’ ou ‘não’ será ele mesmo”, contou o treinador.
Em amistoso contra o Japão em 4 de junho, Drogba se chocou com o nipo-brasileiro Marcus Túlio Tanaka, que acabou dando uma joelhada próxima ao cotovelo direito do marfinense.
No entanto, apenas dez dias após o episódio, Drogba já voltou às atividades normalmente, munido de uma proteção em seu braço. O material que irá proteger o osso recém-fraturado do atleta será inspecionado por oficiais da Fifa, incluindo o árbitro do jogo entre Costa do Marfim e Portugal, o uruguaio Jorge Larrionda.
A partida entre Costa do Marfim será realizada às 11h desta terça-feira em Port Elizabeth. Brasil e Coreia do Norte farão o outro jogo do Grupo G logo depois, em Johanesburgo.